15 de maio de 2011

Menino do mato*

Para o poeta-menino, o bem da vida é
Escrever nem uma coisa Nem outra -
A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.
(do livro: O guardador de águas - 1998, editora: Record)
Eu que não sei escrever e nem explicar coisa nenhuma,
Junto as letras querendo ser pelo menos uma.
Letra e verso de Manoel de Barros que desexplica o mundo.
A poesia que mostra tudo,
Feita do verso que me deixa mudo.

É que o tempo dele é Quando.
[...]
As palavras eram livres de gramáticas e
podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.
Podia dar às pedras costumes de flor.
(do livro: Poemas Rupestres - 2007, editora Record)
Eu que nasci num tempo que já era depois
Vou seguir tentando, feito Manoel de Barros
Encontrou-se pela vida menino encantado,
Segue versando
Não tenho bens de acontecimentos.
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases. Por exemplo:
— Imagens são palavras que nos faltaram.
— Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.
— Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!
Pensar é uma pedreira. Estou sendo.
Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo).
Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos,
retratos.
Outras de palavras.
Poetas e tontos se compõem com palavras.
(do livro: O guardador de águas -1998, editora: Record.)

*Livro publicado em 2010 pela editora Leya Brasil.

Um comentário:

Aline Maziero disse...

eu queria compreender Manoiel de Barros, Enquanto eu não compreendo, vou achando lindo