28 de maio de 2013

Glacial

Sinto frio desde que cheguei aqui
e a culpa não é do tempo.
Gosto de vê-lo correr,
nesse passo veloz e desse jeito
de parecer sereno.
Vejo tudo pela janela
e coloco minhas feridas pra secar
no vento.

É só que o inverno nasceu comigo.
Mas, não tenho o direito
de dizer que cheguei no ano em que as estações
deram defeito
ou fui parido numa hora sem jeito.
Disso, eu não sei e está feito.

Apenas é certo que essa pressa na chegada
me deixou fora do calendário,
Meu relógio interno marca a hora errada
e o movimento de translação, em mim,
está ao contrário.

E, para não estar congelado e não ser parado
pela dor dos meus dedos gelados,
fiz um cobertor denso o suficiente
com todo meu desapego,
costurado de indecisão
e os medos que carrego sozinho e calado.

18 de maio de 2013

O tempo cuida de colorir cada hora do dia.
Os laranjas e vermelhos que eu vi no céu
eram as cores do que eu sentia...
Combinavam com os tons de saudade nos olhos
e com meu novo sabor de café, doce de melancolia.

Lembraram o par de nuvens que me cobria...
Que ficaram a sombrear o chão que antes me tinha.
Só me mudei porque o amor também vinha.
Deixei metades por lá,
Trouxe o resto desse amor comigo
e ele há de durar....

11 de maio de 2013

Grão

Agora, que passo parte do tempo vendo a vida de cima, me sinto um tanto menor. Sempre ouvi, e continuam a dizer, o contrário. Mas, aqui tem tanto chão e tanta gente que pareço poeira nos sapatos daqueles que deviam  me aparecer em estado de formiga.

Todo pó teme o sopro. 
Aqui, no inverno, o vento é forte.
De vez em quando, o décimo terceiro andar não parece, como deveria ser, apenas um detalhe.

2 de maio de 2013

A hora do recreio

Deixou o esforço de ser forte pra depois, fingiu não reparar que a dor já estava ali. Ela chegou antes que sol pintasse o mundo com todas as cores do dia. A caneca meio cheia de café e os braços apoiados no batente da janela. Um momento pra ser simples e aliviar o semblante.