Eu queria ter visto
Eu devia feito
Mas eu sempre desisto
Falta de coragem, culpa
Puro. Simples. Defeito.
De todo, não passo de um pobre
De viver só e estragar o mundo
Não há em mim algo nobre, objetivo
Antes que a terra me leve
Enquanto há um céu que me encobre
Mesmo por sorte me entregue
Serei de mim fugitivo
Quero dizer que é injusto
Que não devia ser assim
Tem gente que se arisca,
Refaz-se do susto.
Não sobra nada e eu?
Quero tudo, sim!
Sem pôr a cara na porta, no fim.
Tenho esse direito, me proteger.
Quem cuida da minha ferida
Se ela abrir-se de novo?
Ninguém viria aqui, nem chegaria perto
Queria ver.
Eu fiquei, enfrentei a língua maldita do povo
Porque é fácil fazer esse papel
Fingir que sou eu, bancar o juiz
Não me cabe, sou o réu.
Trancado em mim, infeliz.
Sou culpado sim,
O espelho me olha, tripudia e depois diz:
– Tem o nome dela aqui. Beatriz.
– Você não presta!
– Era em mim que ela escrevia: eu te amo
– Era mais que tudo no mundo.
– Quem vai te tirar do fundo?
– Sem ela, por quê? Traiu. Olha em volta, vê.
–Tudo registrado, ainda dá pra ler.
Um comentário:
"Serei de mim fugitivo" Me faltam palavras... Sem mais!
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