21 de janeiro de 2011

Cem dúvidas

Não quero ser o dono da minha história,
Dispenso a função de ser o escritor.

Se for espetáculo, que seja em corres.
Para estar na coxia ou sentado na platéia ser ator.

Quero um drama-comédia, quase tragédia
Onde todas as minhas verdades são rumores

Serei pela vida como um papel em branco.
Em vez de empunhar a caneta,
Ter o privilégio de ser apenas letra.

Para ser enunciado, poema inacabado. Um conto.
Cantiga de ninar, roteiro adaptado.
Filme que não ficou pronto.

De um todo, que eu seja em parte, o necessário.
Para me tornar qualquer coisa, onde caiba o mundo.
Ser herói, bêbado, palhaço, nobre senhor. O vagabundo.

Dentro de um relicário, a invenção de uma criança.
Espaço imaginário, contraditório e delírio. O mais profundo.