30 de abril de 2013

À deriva

O chão do convés cedeu
e a âncora do teu cansaço
se desprendeu.
Agora a tripulação
é de um homem só
e o capitão,
que nem era marinheiro
e nunca soube dar nó,
abandou o navio.
Quem vai assumir o leme?
Quem vai bancar o resgate?
Quem tem coragem de entrar por você num bote?
É perigoso remar em mar bravio.
Pode ser que alguém se arrisque e ainda reme.
Mas, salvar tua alma condenada,
depois de tudo, não significa nada
e nem paga a pena de um coração tão frio.

20 de abril de 2013

Quando a dúvida vem, cheia de medo,
lembro do que nunca lhes contei...
Aquele segredo,
decidi guardar porque precisei de força.
Ouvi dizer que quem sabe pode mais.
Era algo que devia mudar a minha história, eu achei.
Refiz o enredo
pra combinar com as minhas escolhas, com desfechos possíveis.
E de repente, fiquei sem ninguém pra passar o texto,
revisar meus erros.
Um roteiro, perdeu os diálogos e eu nem reparei,
que se deu pr’um monólogo.
Palavras repetidas em silêncio e à exaustão,
até que caibam na boca
e o ar nos meus pulmões me permita dizer que sim.

10 de abril de 2013

ême

Amor feito da gente
que nos cabe completamente,
encontra razão na cumplicidade
e na teimosia de sermos tão diferentes.

E deixa o tempo passar...
Deixa o giro do mundo seguir,
a vida vai nos mudar de lugar
e a saudade latente deve surgir.
A ausência fará o Amor reagir,
descobrindo um jeito novo de existir.

Porque a distância não pode apagar
as marcas deixadas na alma, na pele, na mente
e nem diminuir o que nos uniu outrora
ou o que nos mantém juntos agora.
Esse Sentimento que é para todo o sempre.

9 de abril de 2013

A desenhista



Segura a minha mão e muda o meu traço.
Senta aqui do meu lado,
Adianta meu passo,
Rumo ao futuro e a tudo que é bom.

Melhora o esboço que eu fiz...
Dividi comigo as nuances no teu pincel,
Vem gastar comigo a velha caixa de giz.

Chega de melancolia em tom pastel,
Enche minha vida de arte.
Educa meus pés, ensina-os a dançar.
Enquanto te faço um chá, meu amor.

Eu te faço um doce de querer ficar.
Canto pra você uma canção bonita,
Pro nosso lugar ser só luz e cor.

5 de abril de 2013


Toda essa de fumaça de silêncio,
esconde as dores deixadas pelo incêndio.
Queimaduras de graus incalculáveis
que resultam em cicatrizes indissolúveis.
É como eu me sinto agora, queimando.
E nunca sei o que fazer...
quando o tempo ou a vida me exigem pranto.
Sentir eu sei
e sinto tanto...
Eu só não sei chorar.