31 de julho de 2012

Nasceu um desalento em mim
que é quase um desacato.
Eu preciso é do desatino do sim
porque confesso tudo pra dentro e, no fim,
o meu apego pelo não, é desabafo.

A fruição do mundo se faz em des-contato
e eu, que nasci desatento assim,
percebo o não-dito, o não-feito, o não-fato.
Mas me esqueci do tempo, fui no vento
e, nesse descompasso, perdi o sapato.

Porque eu sou feito de terra de firme, guiado pelo razão
quero ver quem diria
se não sou firme
de pés descalços, liberto a minha alma
na poesia
voo sem sair do chão.




26 de julho de 2012

'Mudaram as estações...'
E, aonde elas foram, fica longe de mim.
Eu fiquei, pra ver o tempo passar.
"....tão árido.. que não faz diferença alguma entre chuva, vento, ou calor abrasador"

17 de julho de 2012

2 versos e um inteiro

Vive pro lado de dentro,
não aquilo que é segredo,
 mas as coisas que ainda são metade.


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14 de julho de 2012

E todas aquelas vezes que a meteorologia alertou sobre a velocidade do vento, não serviram para nada. De repente, a medida que passa a valer é algo que fica entre a leveza e o peso da falta de ar. Tudo em volta some, a gente sufoca e passa a desejar, ardentemente, qualquer sopro.

Algo além do desespero, achar que é bem melhor estar olhando para o furacão do que o vácuo. É assim que se sente, preso dentro de coisa alguma e em nenhum lugar. A indiferença com que ele tem tratado a vida anestesiou a passagem dos dias, mas não serve de remédio para a dor.

E o pior de tudo é sentir saudade de si mesmo. Ele se abandou já faz tanto tempo. "Pra que buscar recaída, reviver o drama, mexer na ferida? Por onde se engana o coração, se encontra a saída pra vida".  Deixa pra lá, esse tempo morto. Passado com a mesma pressa com que se usa as gotas pra contar. Achando que se guardava do mundo, perdeu-se nesse jeito lento de se desperdiçar.