30 de junho de 2011

A língua dos amantes
é o corpo em movimento.

Meias-palavras
ditas sem sapatos
e sem roupa.

É o quase-silêncio
da respiração ofegante.

28 de junho de 2011

Caixeiro-viajante

porque todo mundo precisa de aconchego.

quando o inverno começar,
aquece meu cansaço.
com um sorriso e um abraço.

trago a mala cheia de saudades
e uma estação inteira pra te contar.

26 de junho de 2011

Roleta

Se joga, vai lá fora
Ou
Se joga, arrisca
Se joga põe as cartas na mesa
Se joga agora sem certeza
porque a próxima rodada pode ser tarde demais
Certeza não vale nada depois que acabam as fichas.

20 de junho de 2011

"esse sorriso porque já chorei demais"

Há tantos caminhos por aí, escolhe só um.
São muitos os passos pra dar?
Depois do primeiro, a distância será cada vez menor.
Tenha cuidado, pra não cair...
E se cair, levante-se.
E não se esqueça do que você aprendeu com a poetisa do coração pulsante:
Vá, que é bonito ir.

17 de junho de 2011

Povo sem memória sofre sempre.
E tanto agora....
Porque desconhece o que passou.
Muito menos sabe do que virá...
Segue a vida tempo afora.
Dos ponteiros, na linha reta
Ninguém sabe que será.

Sigo as curvas das letras....
Porque ouvi o poeta cantar


O Amanhã - Monobloco

Um velho que lia histórias tristes*

Conheço um velho.
Um velho amigo.
Só o conheço há dois anos.
Mas ele já é um velho amigo.
Um velho com aparência de moço.
É verdade.
Mas, nossa amizade é velha.
Nossas conversas, quase caducas.
Por que velhos são os sonhos que nos mantêm aqui.
Por que velhos são os problemas que nos uniram.
Por que velha é a nossa esperança.
***
A verdade é filha do tempo
Não da autoridade
(Uma frase do Francis Bacon que li em algum lugar)
***
Ele tinha insônias periódicas.
E lia as minhas histórias tristes.
E chorava comigo.
Às vezes mais do que eu.
Era um velho paciente.
Mas não esperava nada parado.
Aguentava as minhas reclamações sem fim.
E reclamava junto.
Um velho que não conseguia advinhar nenhuma das novidades que eu queria contar.
Mas mesmo assim sabia o que eu pensava.
Um velho que merece tudo o que há de bom no mundo.
Por que o seu coração é um das melhores coisas que há.
***
E que fique muito mal explicado.
Não faço força para ser entendido.
Quem faz sentido é soldado…
(Poema que o Pyro me mostrou um dia desses)
***
Esse velho não se conforma.
E me fez ver que quando o assunto é universidade não importa a vontade da maioria
As coisas são o que são
E os impostos que se paga não podem ser em vão
(olha, até rimou!)
Aliás, esse velho amigo gosta um bocado de poesia.
E de outras coisas sem sentido.
Como comunicação e jornalismo.
***
Diz que idealismo morreu
Foda-se quem se vendeu
(Letra de rap do E.m.i.c.i.d.a.)
***
Ele me ensinou muito sobre essa coisa toda.
E tenho cá pra mim que ele será sim um bom jornalista.
Mesmo que pra isso tenha que viver
me dizendo coisas como:
***
Ainda assim fica aquele ne
no estômago
(Uma dessas coisas que você digita – ou tenta – no MSN)
***
Feliz Aniversário Flávio!
***
E muito obrigada!
…eu não teria feito nada naquela universidade sem você…
(Publicado no blogue Linhas Livres  por Keyciane Pedrosa em 16/01/2010)



*Esse foi meu presente de aniversário em janeiro do ano passado, com certeza o melhor deles. Eu ouvi de alguém: "Quem presenteia com um livro, faz um elogio". E quem dá poesia então...? A gente tá quase saindo da Universidade, pra enfrentar todo o resto das nossas vidas e todo tempo que houver pra nossa amizade. Será todo tempo do mundo! E eu estou aqui pra dizer que o prazer foi meu, e agora eu digo: muito obrigado!

10 de junho de 2011

O lado de lá...

Abre a porta da ilusão
entra nessa fantasia
de achar que a realidade
é como você queria.

Dança com a loucura
de pensar que tudo aquilo
que você procura
existe em algum lugar.´

O lado de dentro...

O que existe é você
e esse mundo daqui.
E toda essa gente
dizendo: Não adianta insistir.

E eu digo: enquanto estiver por aqui
enquanto for tudo assim
mesmo que não dependa só de mim
mesmo que pense em desistir
continuarei tentando mudar.

E mais tudo que há...

8 de junho de 2011

Atravessei o oceano
Queria juntar as poesias e ver no que dá...
O que me levou foi o som, a vibração
A água do mar.
água que inunda por dentro
 É aquarela, brisa gelada, é o tempo
Nem todo choro é lamento...
Mas 'toda lágrima é uma cachoeira'
De tirar a poeira de dentro.
"Quantos poentes eu trago comigo
 Luas crescentes
 Amores antigos
 Tantos beijos de maré
 lamberam meus pés
 Toda saudade é cisma
 De querer voltar
 Ter um lugar pra mim
 E querer visitar
 Meu canto,
 Um som de concha do mar
 

5 de junho de 2011

Quando o atalho me disser:
 – Te desafio!
Eu já conheço aquela canção:
De você sei quase nada. Pra onde vai ou porque veio.
Nem mesmo sei qual é a parte da tua estrada no meu caminho...

Porque só é preciso saber do desvio
que cura o cansaço num abraço de carinho...
Sem saber de toda a estrada, quando acabar a madrugada....
Ver nascer o sol e não estar sozinho.

*Com toda livre inspiração dada por Zeca Baleiro e Alice Ruiz